Resumo
Este trabalho apresenta o caso da Agropalma, empresa do setor de agronegócio, produtora de óleo de palma e palmiste, localizada nos municípios de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açu, no Estado do Pará, uma região de grande sensibilidade socioambiental, a Amazônia. Apresenta também a revisão da bibliografia relacionada ao tema da sustentabilidade, que tem ganho crescente espaço na pauta de governos, empresas e de sociedades do mundo todo e é o conceito fundamental sobre o qual as empresas se baseiam para desenvolver e justificar estratégias voltadas para a questão das mudanças climáticas. São apresentados os pontos de convergência entre a literatura pesquisada e as práticas observadas na empresa, assim como as lições aprendidas com o caso e com a literatura.
Abstract
This paper presents the sustainability case study of Agropalma, a leading Latin American producer of palm and palm kernel oil, located in Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açu in the Amazon region. It is presented a bibliography review on sustainability and climate change and an analysis of convergence points of the company’s practices and the literature presented. Sustainability and climate change are subjects that have grown in importance and in public attention in recent years and are present in the public and private agendas worldwide.
1. Introdução
Este trabalho apresenta o caso da Agropalma, empresa do setor de agronegócio, produtora de óleo de palma e palmiste, localizada nos municípios de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açu, no Estado do Pará, uma região de grande sensibilidade socioambiental, a Amazônia. Apresenta também a revisão da bibliografia relacionada ao tema da sustentabilidade, que tem tido crescente espaço na pauta de governos, empresas e de sociedades do mundo todo e é o conceito fundamental sobre o qual as empresas se baseiam para desenvolver e justificar estratégias voltadas para a questão das mudanças climáticas. Na seção “Análises” são apresentados os pontos de convergência entre a literatura pesquisada e as práticas observadas no caso; na seção “Conclusões” são tratadas as lições aprendidas com o caso e a literatura; na seção “Anexo” é apresentado o questionário aplicado.
2. Objetivos e metodologia de pesquisa
Os objetivos específicos e contribuições esperadas deste trabalho são contribuir para (i) maior entendimento dos conceitos ligados ao tema da sustentabilidade e (ii) melhor entendimento das estratégias e práticas de negócios relacionadas às mudanças climáticas.
Para atender ao primeiro objetivo foi realizada a revisão da bibliografia relacionada ao tema da sustentabilidade, que tem tido crescente espaço na pauta de governos, empresas e de sociedades do mundo todo e é o conceito fundamental sobre o qual as empresas se baseiam para desenvolver e justificar estratégias voltadas para a questão das mudanças climáticas.
Para atender ao segundo objetivo é apresentada a experiência de gestão socioambiental da Agropalma S.A, empresa do setor de agronegócio, produtora de óleo de palma e palmiste, localizada nos municípios de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açu, no Estado do Pará em uma região de grande sensibilidade socioambiental, a região Amazônica.
Considerando-se a complexidade do tema, será necessária uma investigação exploratória sem testar hipóteses, para que as práticas vigentes sejam identificadas, comparando-as com a bibliografia consultada.
Esta pesquisa não tem a pretensão de esgotar o assunto ou concluir precisamente sobre ele, mas antes, realizar um estudo de caráter exploratório que possa contribuir para o estado da arte da Administração, expandindo a fronteira de conhecimento sobre a gestão estratégica para a sustentabilidade.
– Metodologia de pesquisa
Este trabalho apresenta uma pesquisa qualitativa, exploratória aplicada, utilizando-se o método de estudo de caso. A pesquisa é descritiva tendo sido utilizado como instrumento de pesquisa o questionário apresentado na seção 8.
Vergara (2003, p.47) propõe dois critérios para classificação de uma pesquisa: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa pode ser exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista. Quanto aos meios de investigação, pode ser: pesquisa de campo, pesquisa de laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex post facto, participante, pesquisa-ação, estudo de caso.
Quanto aos fins, segundo esta taxionomia, este estudo trata de uma investigação exploratória aplicada. Exploratória porque foi realizado em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado, não comportando hipóteses. Aplicada, porque tem finalidade prática.
Quanto aos meios, esta pesquisa é de campo, estudo de caso e ex post facto; de campo porque é uma investigação empírica realizada no local onde ocorrem os fenômenos a serem explicados; estudo de caso por ter caráter de profundidade e detalhamento e por ser circunscrita às empresas estudadas. (Ibid, p.49). Segundo Yin, o estudo de caso busca esclarecer como decisões foram tomadas, seus motivos, como foram implantadas e quais os resultados obtidos. (2005, p. 31). Ex post facto porque se refere a manifestações já ocorridas onde o pesquisador está impossibilitado de manipular e controlar as variáveis. (VERGARA, 2003, p.49)
Yin define o método do estudo de caso como sendo “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos”. (YIN, 2005, p.32)
O estudo de caso é uma estratégia de pesquisa preferida “quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real” e “o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real” (YIN, 2005, p.19-20). Estudos de casos não devem ser utilizados para avaliar a incidência de fenômenos; devem tratar tanto do fenômeno em estudo quanto de seu contexto. (Ibid, p.71)
3. Revisão bibliográfica
O conceito ‘desenvolvimento sustentável’ (de onde se origina o termo ‘sustentabilidade’), embora atualmente bastante empregado tanto nos meios empresariais como nos acadêmicos, está longe de ser um consenso. Pezzey pesquisou as definições existentes para o termo e encontrou mais de cinquenta (1989). Portanto, o conceito de desenvolvimento sustentável ainda não é unânime na literatura científica. O conceito proposto pela Comissão Brundtland é bastante criticado por ser considerado uma definição pobre e inoperante. Algumas correntes críticas consideram que, ao se tomar por base a definição de Brundtland, a integridade dos recursos naturais deveria ser mantida independente das preferências humanas, ou que o termo pode evoluir para um “termo de efeito” (catch-frase) desprovido de qualquer sentido conceitual, prático e operacional. (HOWARTH, 1996) Na teoria econômica, Dasgupta e Mäler consideram que o conceito de sustentabilidade é um “retrocesso intelectual”; trata-se de um conceito incompleto, imposto como limite às escolhas políticas sem estar baseado na concepção de bem-estar social; enfraquece a alocação eficiente de recursos ao forçar os tomadores de decisões a conservarem os ativos naturais mesmo nos casos em que maiores benefícios poderiam ser obtidos pela substituição do capital reproduzido por óleo, florestas antigas, e outros recursos. (1995 apud HOWARTH, 1996) Para Solow, a definição de sustentabilidade é vaga e seu significado pertence mais à ética que à ciência; a sustentabilidade deve ser entendida como uma “obrigação de conduta de maneira a deixar para o futuro a opção ou a capacidade de estarem tão bem quanto nós estamos.” (SOLOW, 1991 apud NELSON, 1995) Desta forma, os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade carecem ainda de uma definição largamente aceita e operacional.
Entretanto, é fato que as atividades das empresas têm sofrido maior escrutínio por parte das sociedades ao redor do mundo, seja pelos efeitos negativos que causam no ambiente natural ou nas comunidades em que atuam. O alcance desta crescente visão crítica com relação às empresas (especialmente grande corporações) se torna especialmente crítico em um mundo conectado, onde as informações, verdadeiras ou não, são transmitidas com a rapidez da internet. Desta forma, enquanto os conceitos ligados à sustentabilidade ainda não estão maduros, as pressões sobre as práticas corporativas são reais e crescentes.
Na esteira deste movimento, a literatura sobre o tema ‘desenvolvimento sustentável’ aplicado aos negócios (sustentabilidade) na área de Administração tem crescido enormemente. Surgiram diversas definições para o que seria um conceito operacional de sustentabilidade, que possa ser aplicado à gestão de empresas, de forma que estas possam responder aos desafios lançados às organizações no mundo todo de que precisam rever suas práticas. Questões ligadas a problemas ambientais severos (como, por exemplo, mudanças climáticas, desertificação, poluição) e sociais (como miséria, fome, analfabetismo, mortalidade infantil e materna) amplificam os desafios e por consequência, as pressões por empresas mais responsáveis.
Entre as definições mais citadas na literatura para ‘sustentabilidade’, está o conceito do triple bottom line. Segundo este conceito, uma empresa sustentável é aquela que contribui para o desenvolvimento sustentável ao gerar, simultaneamente, benefícios econômicos, sociais e ambientais, o triple bottom line. (HART, MILSTEIN, 2004). Uma empresa sustentável considera interconectados os seus interesses de negócios e os interesses do ambiente natural e da sociedade. Assim, sustentabilidade é a arte de fazer negócios em um mundo interdependente; significa conduzir os negócios de maneira a causar o menor impacto e dano sobre as criaturas vivas e não causar exaustão no ambiente natural, mas antes, restaurar e enriquecê-lo. Sustentabilidade também significa operar um negócio reconhecendo a necessidade e interesses de outras partes – tais como, grupos da comunidade, instituições educacionais e religiosas, a força de trabalho, o público – e que este reconhecimento não esgarça, mas ao contrário, reforça a rede de relações que mantêm estas diferentes partes unidas. Para isto, a organização deve (i) identificar um espectro largo de partes interessadas a quem a organização deve prestar contas; (ii) desenvolver um relacionamento transparente com elas; e (iii) encontrar caminhos para trabalhar com estas partes interessadas gerando benefício mútuo. Neste contexto, a gestão das relações com os stakeholders ganha contornos estratégicos. No longo prazo, criará mais lucro para a companhia e maior prosperidade social, econômica e ambiental para a sociedade. (SAVITZ; WEBER, 2006)
Entre as pressões sobre as empresas para que adotem estratégias que se traduzam em práticas sustentáveis, ganham importância as políticas públicas e em particular, padrões regulatórios cada vez mais rígidos, em nível global, quanto a aspectos ambientais. Especificamente quanto ao avanço da legislação ambiental, cabe citar Porter e Linde (2000, p. 131-167). Os autores acreditam que exista uma crença generalizada nas organizações de que padrões rígidos de regulações ambientais erodem a competitividade organizacional por aumentarem os custos, causando ou redução de margens ou maiores preços finais para o consumidor. Esta visão sobre o impacto da regulamentação ambiental tem causado certa resistência empresarial em progredir na qualidade ambiental. Entretanto, os autores argumentam que a resposta empresarial a este movimento regulatório pode fomentar inovações que acarretam redução no custo total do produto, principalmente pelo uso mais eficiente dos recursos, melhorando sua produtividade. O ponto crucial está na forma como as empresas enfrentam as demandas ambientais; ainda na maioria dos casos, são vistas apenas como mal necessário, enfrentadas de maneira reativa e incremental. No entanto, há potencial para grandes benefícios quando (i) se repensa o processo produtivo de maneira inovadora e sistêmica e não pontual; (ii) o impacto ambiental é monitorado e avaliado em todas as fases do processo produtivo, com o auxílio de novas tecnologias, e não apenas ao final. Em suma, a existência de legislação ambiental mais rígida ao contrário de inexoravelmente ser um empecilho à competitividade pode tornar-se um fator que, se examinado de maneira sistêmica e inovadora, traz imensos benefícios ao negócio.
Em geral, as organizações enfrentam o seguinte dilema: ou ignoram as crescentes restrições impostas pelas sociedades às suas operações ou adotam uma postura estratégica frente a elas e legitimam suas operações. Ambas resultam em uma opção estratégica que gera reflexos no processo de gestão e que impactam a prosperidade e sobrevivência futura da empresa. Se optar por afastar-se da gestão voltada exclusivamente para a rentabilidade – e passar a considerar as restrições organizadas pela sociedade para suas operações -, a firma perde a clareza (existente, em algum grau, até este momento) quanto aos principais objetivos e meios de alcançá-los. Ao refletir sobre a adoção de uma estratégia de legitimação, a empresa deve reunir três principais elementos: (a) análise dos objetivos, levando-se em conta que devem refletir as aspirações dos stakeholders cujos interesses a empresa quer atender; cabe ressaltar que neste novo modelo estratégico, os gestores encontrarão objetivos antagônicos aos de rentabilidade e valorização do capital; (b) análise das restrições; em oposição ao modelo da livre iniciativa (onde a empresa se opõe a quaisquer restrições para sua atuação), na estratégia de legitimação da empresa, esta deve lidar com as restrições às suas operações, avaliando o impacto real destas restrições e assumindo uma posição estratégica quanto a cada uma das restrições; (c) análise estratégica do campo de poder, avaliando as preferências que os grupos de stakeholders influentes tenderão a defender durante os processos de negociação política. (ANSOFF, McDONNELL, 1993)
Embora os postulados de uma nova doutrina econômica necessária para orientar o capitalismo moderno ainda não estejam absolutamente claros, as demandas das sociedades são reais, representando algum grau de restrição às atividades das empresas. Aquelas que optarem pela estratégia de legitimação (para usar o termo proposto por Ansoff e McDonnell) necessitam de conceitos que orientem suas práticas de gestão para a sustentabilidade
– Mudanças Climáticas
Entre as questões ambientais que estão contempladas no tema do desenvolvimento sustentável, as mudanças climáticas vêm atingindo gradativamente maior grau de urgência. Segundo o Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC, 2007), o termo ‘mudanças climáticas’ refere-se a “mudanças no estado do clima que podem ser identificadas (por exemplo, pelo uso de testes estatísticos) por mudanças nas médias e/ou pela variabilidade de suas propriedades e que persistem por um período extenso, tipicamente décadas ou mais. Refere-se a quaisquer mudanças do clima ao longo do tempo, causada tanto por sua variação natural ou como resultado da ação humana” (p.8). A evidência da ação humana como potencializadora do aquecimento global são contundentes; e entre as causas que agravam o problema, estão a queima de combustíveis fósseis, como carvão, gás e óleo, e o desmatamento. (MARCOVITCH, 2006). O Brasil está entre os trinta maiores emissores de dióxido de carbono (CO2), conforme a figura abaixo:
Figura 1
Trinta maiores emissores de Dióxido de Carbono
Fonte: Human Development Report, 2007/2008 (p.69)
No caso brasileiro, a maior contribuição para a pegada de CO2 tem origem nas queimadas e no desmatamento (que respondem por 75% das emissões de CO2) enquanto a queima de combustíveis fósseis responde por 25% das emissões de CO2. (MARCOVITCH, 2006)
– Mudanças climáticas e estratégias empresariais
Os gestores de empresas gerenciam a questão ambiental como uma questão de compliance regulatória, como um potencial passivo (e, portanto, risco), e como mitigação de poluição. Mas as mudanças climáticas representam um tipo diferente de risco para os negócios porque seus impactos (das mudanças climáticas) são globais, têm efeitos de longo prazo e os danos causados são irreversíveis. A ignorância quanto às consequências financeiras e competitivas das mudanças climáticas podem levar as empresas a avaliar inadequadamente o perfil de risco que o aquecimento global representa. Neste ponto, há um papel importante das agências reguladoras ao sinalizar como as políticas públicas voltadas ao meio ambiente podem mudar no futuro. Porém, a gestão voltada para a mitigação de riscos climáticos pode representar um diferencial competitivo, como por exemplo, a atração de investidores que buscam aportar recursos em empresas com gestão de risco mais adequada aos problemas ambientais (orientadas, por exemplo, pelo Carbon Disclosure Project, uma coalização de investidores institucionais que representam mais de US$ 31 trilhões em ativos que organiza informações de multinacionais a respeito de seus padrões de emissões). (LASH, WELLINGTON, 2007)
Os riscos que as mudanças climáticas representam para os negócios são: (i) Risco regulatório, considerando que é incerta a evolução das legislações ambientais no mundo todo a respeito dos níveis de restrições a emissões; a tendência é que se tornem mais restritivas; (ii) Risco de cadeia de suprimento (supply chain): ao analisar o risco de suscetibilidade a regulações mais rígidas, as empresas devem avaliar sua vulnerabilidade para a cadeia de suprimentos, considerando também a distância geográfica de seus principais fornecedores: (iii) Risco tecnológico e de produto: algumas empresas serão mais bem-sucedidas que outras na identificação de produtos e novas oportunidade de mercado em um cenário de baixo carbono; (iv) Risco de litígios: possibilidade de litígios em razão de danos decorrente de irresponsabilidade na gestão ambiental; (v) Risco de reputação; (vi) Riscos físicos, causados por danos aos ativos da organização em razão de crises ambientais como inundações, secas, tempestades, entre outros. (LASH, WELLINGTON, 2007)
Para lidar com as questões decorrentes das mudanças climáticas, as estratégias sugeridas são (LASH, WELLINGTON, 2007; HOFFMAN, WOODY, 2008)
- Realizar um inventário de emissões para estimar a pegada de carbono (utilizando padrões como o Greenhouse Gas Protocol);
- Avaliar os riscos (conforme descritos acima) quanto ao grau de exposição ao carbono e identificar oportunidades de negócios relacionados às emissões de carbono;
- Desenvolver estratégias de negócios que visem a adaptação dos negócios às mudanças climáticas;
- Estar à frente dos concorrentes nas estratégias para uma economia de baixo carbono;
- Influenciar o processo de desenvolvimento de políticas públicas.
4. Descrição da empresa e seu ambiente
A Agropalma
O Grupo Agropalma, de capital 100% nacional e controlado pelo Grupo Alfa, conta com o maior e mais moderno complexo agroindustrial do Brasil para o plantio e o processamento de óleo de palma. Detentora de todo o ciclo produtivo – do cultivo da semente à produção do óleo refinado, gorduras vegetais e margarina – a empresa responde por 75% da produção nacional de óleo de palma, sendo que 15% deste volume são exportados para a Europa e os Estados Unidos. Com faturamento anual de cerca de R$ 650 milhões, a Agropalma possui 4.500 funcionários e beneficia indiretamente mais de 21.000 pessoas na região onde atua. Seu Complexo Agroindustrial, onde são realizados o cultivo das palmeiras e a extração de óleo bruto de palma e palmiste, localiza-se nos municípios de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açú, no Estado do Pará. Já a Refinaria, a Usina de Biodiesel e a Unidade de Acondicionamento de Gorduras estão instaladas em Belém, enquanto o escritório comercial está localizado na cidade de São Paulo. Ao todo, a Agropalma ocupa uma área de cerca de 107 mil hectares, sendo 39 mil hectares destinados ao plantio e à extração e outros 64 mil hectares de reservas florestais monitoradas. Desde sua fundação, a empresa já investiu US$ 250 milhões na região amazônica.
O óleo de palma e o Brasil
O azeite de dendê, ou óleo de palma, é produzido a partir do fruto de uma palmeira conhecida como dendezeiro. Sua importância econômica extrapola seu uso culinário, como é mais conhecido no Brasil, com aplicações também nas indústrias alimentícia, cosmética e química. Ele é utilizado como biocombustível, como base de hidratantes e óleos corporais, sabões, detergentes, frituras de batatas, massa de biscoitos, chocolates, margarinas e gorduras vegetais.
A palma foi introduzida no Brasil no século XVI, com o tráfico negreiro. As sementes transportadas pelos escravos formaram os primeiros dendezais no litoral da Bahia. No Estado do Pará, o Instituto Agronômico do Norte (IAN), antecessor da Embrapa Amazônia Oriental, importou algumas linhagens da África com o objetivo de avaliar a possibilidade do cultivo da palmeira na Amazônia (PANDOLFO, 1981 apud BRITO, 2006).
O cultivo comercial de palma na região começou no final da década de 1960, por meio de um convênio entre a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), que posteriormente tornou-se a SUDAM, e o Institut de Recherches Pour Les Huiles et Les Oleagineux (IRHO) da França, que trouxe tecnologia para a primeira experiência de implementação comercial da cultura do dendê. Até meados da década de 1970, todos os projetos com a palma no Pará tinham participação de órgãos do governo. Mas, em 1974, com a criação da Dendê do Pará S.A. (DEMPASA), a iniciativa privada entrou no setor, tornando a atividade mais dinâmica. A partir da década de 1980, as áreas cultivadas começaram a crescer expressivamente, tornando o Pará o maior produtor de óleo de palma do Brasil (EMBRAPA, 1998 apud BRITO, 2006).
Histórico de atuação na Amazônia
A trajetória do Grupo Agropalma é resultado dos planos do governo militar brasileiro de ocupar estrategicamente a Amazônia por meio da exploração econômica da madeira, agropecuária e da mineração. Incentivado por benefícios fiscais da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e convencido do potencial da cultura da palma na região, o Banco Real (então controlado pelo banqueiro Aloysio de Andrade Faria, hoje dono do Grupo Alfa) fundou, em 1982, a Companhia Real Agroindustrial S.A. (CRAI) no município de Tailândia, no Estado do Pará.
Em 1983, a CRAI iniciou o cultivo de mudas importadas em uma área de aproximadamente 11 mil hectares de florestas e, em 1985, passou a extrair óleo bruto de palma ((O óleo de palma é obtido a partir do cozimento da polpa do fruto, debulhamento e prensagem)) e de palmiste ((O óleo de palmiste é obtido após a quebra e a separação das cascas de amêndoas e processo de prensagem)). A partir daí, e já sem os benefícios fiscais do governo, a empresa adquiriu outras quatro agroindústrias na região também produtoras de óleo de palma, multiplicando assim sua capacidade produtiva. Em 1997, instalou, em Belém, a Companhia Refinadora da Amazônia, responsável por transformar o óleo de palma bruto em óleo refinado com maior valor agregado.
Instalar-se de forma pioneira na região significou para a Agropalma tomar para si a responsabilidade de implementar uma infraestrutura local, como a geração de energia elétrica, abastecimento de água e construção de malha viária e fluvial. Em seu Complexo Agroindustrial, em Tailândia, existem quatro agrovilas com 350 casas e 15 alojamentos onde moram cerca de 2,5 mil pessoas. Nestas agrovilas, a Agropalma criou uma infraestrutura de apoio com clubes recreativos, serviço médico, academia, escola do ensino infantil ao supletivo e até mesmo uma universidade em parceria com a Universidade da Amazônia (UNAMA). A empresa mantém diversos projetos e atividades com o objetivo de promover a qualidade de vida e o bem-estar de seus funcionários, como programas de atividade física, eventos socioculturais, palestras e campanhas educativas, programas de treinamento e desenvolvimento, qualificação e inserção profissional de jovens e prevenção de acidentes de trabalho.
Mesmo vivenciando desde sua criação uma experiência empresarial bem-sucedida, a Agropalma viu-se, cerca de dez anos atrás, diante do desafio de reposicionar-se estrategicamente para manter-se no mercado e até mesmo conquistar novos segmentos. A produção global de óleo de palma cresceu vertiginosamente na última década, saltando de 17 milhões de toneladas em 1998 para 38 milhões de toneladas em 2007. No mesmo período, a produção do óleo de soja subia de 24 milhões de toneladas para 37 milhões, perdendo a primeira colocação para a palma (MPOB, 2009).
Embora a cultura da palma seja totalmente livre de organismos geneticamente modificados, ter a maior produtividade por hectare entre todas as oleaginosas e propiciar o estabelecimento de agroecossistemas estáveis, existem fortes pressões ambientais e conflitos sociais causados pela acelerada expansão do cultivo em florestas tropicais, principalmente no sudeste da Ásia, onde estão os maiores produtores mundiais, Malásia e Indonésia. Sozinhos, estes dois países respondem por 85% do óleo de palma produzido em todo o mundo (MPOB, 2009).
FIGURA 2
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO MUNDIAL DE ÓLEOS VEGETAIS (mil toneladas)
Oils/Fats |
1998 |
1999 |
2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
2004 |
2005 |
2006 |
2007 |
Palm Oil |
16.920 |
20.625 |
21.867 |
23.984 |
25.409 |
28.259 |
30.987 |
33.846 |
37.142 |
38.246 |
Palm Kernel Oil |
2.191 |
2.559 |
2.698 |
2.947 |
3.044 |
3.347 |
3.581 |
3.976 |
4.344 |
4.397 |
Soyabean Oil |
24.008 |
24.794 |
25.563 |
27.828 |
29.850 |
31.241 |
30.729 |
33.612 |
35.278 |
37.481 |
Cottonseed Oil |
4.059 |
3.893 |
3.850 |
4.052 |
4.221 |
3.987 |
4.367 |
4.978 |
4.903 |
5.119 |
Groundnut Oil |
4.498 |
4.697 |
4.539 |
5.141 |
5.178 |
4.508 |
4.706 |
4.506 |
4.382 |
4.156 |
Sunflower Oil |
8.407 |
9.308 |
9.745 |
8.200 |
7.610 |
8.917 |
9.423 |
9.785 |
11.191 |
10.997 |
Rapeseed Oil |
12.290 |
13.247 |
14.502 |
13.730 |
13.343 |
12.698 |
15.088 |
16.294 |
18.510 |
18.521 |
Corn Oil |
1.874 |
1.935 |
1.966 |
1.962 |
2.016 |
2.017 |
2.025 |
2.133 |
2.264 |
2.337 |
Coconut Oil |
3.153 |
2.399 |
3.261 |
3.499 |
3.098 |
3.270 |
3.040 |
3.237 |
3.083 |
3.033 |
Olive Oil |
2.588 |
2.475 |
2.540 |
2.761 |
2.773 |
2.904 |
3.110 |
2.965 |
2.798 |
2.993 |
Castor Oil |
441 |
435 |
497 |
515 |
438 |
425 |
500 |
540 |
535 |
529 |
Sesame Oil |
709 |
686 |
705 |
747 |
807 |
810 |
831 |
868 |
860 |
863 |
Linseed Oil |
692 |
734 |
705 |
648 |
581 |
594 |
635 |
626 |
695 |
702 |
Total Vegetable Oils |
81.830 |
87.787 |
92.438 |
96.014 |
98.368 |
102.977 |
109.022 |
117.366 |
125.985 |
129.374 |
Fonte: Oil World Annual (1999-2007) & Oil World Weekly (2007) apud MPOB
No caso do Brasil, não seria diferente sob a ótica do mercado comprador internacional, principalmente o europeu. Apesar de ocupar uma posição tímida no ranking dos produtores mundiais, com apenas 190 mil toneladas produzidas em 2007, a produção de palma no País ocorre em meio à floresta amazônica. Grandes redes varejistas e indústrias alimentícias, em resposta aos anseios e preocupações de seus stakeholders, passaram a criar ou adotar selos, normas e certificações que atestam a produção sustentável de seus fornecedores de óleo de palma. De todos eles, destacam-se os critérios socioambientais da RoundTable on Sustainable Palm Oil (RSPO), organização não governamental criada oficialmente em 2004 pelos integrantes da cadeia produtiva do óleo de palma, inclusive bancos e investidores, como resultado de uma série de rodadas de discussão e negociação iniciada em 2001 pelo World Wide Fund for Nature (WWF).
Habituada a uma cultura empresarial austera, disciplinada e de baixo risco, a Agropalma acompanhou de perto as movimentações do mercado internacional e vivenciou um processo de entendimento e convencimento de que ações socioambientais trazem benefícios e reduções de custo no longo prazo e que, para isso, era preciso preparar-se para este novo cenário competitivo.
Antecipando-se ao mercado, já em 1994, a empresa apostou na agricultura orgânica, reutilizando em parte do palmar todos os subprodutos do processo de extração do óleo de palma bruto, deixando de utilizar insumos químicos no processo. Em 1995, já exportava a primeira carga de óleo bruto para a Alemanha.
De lá para cá, a empresa passou a investir fortemente na melhoria de seu desempenho socioambiental. Já obteve oito certificações relacionadas ao sistema integrado de gestão, à agricultura orgânica e ao comércio justo, e tornou-se signatária do RoundTable on Sustainable Palm Oil (RSPO). Em 2007, criou uma gerência de responsabilidade socioambiental, ligada à diretoria comercial. Segundo a Agropalma, isso demonstra como a sustentabilidade está, de fato, atrelada ao negócio e faz parte do dia a dia da empresa. Além disso, implementou um bem-sucedido programa de agricultura familiar, investiu no desenvolvimento do biodiesel de palma e mantém um programa de levantamento e monitoramento da fauna como parte da iniciativa de proteção das suas reservas florestais.
Outros projetos em andamento são o desenvolvimento da Agenda 21 para as comunidades que vivem no entorno do Complexo Industrial, a realização do inventário de emissões de gases de efeito estufa em parceria com a Petrobras, a elaboração do primeiro relatório socioambiental utilizando as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI) e a auditoria de sua Unidade de Acondicionamento de Gorduras para a certificação em gestão de segurança alimentar.
Sistema Integrado de Gestão e Certificações
O Grupo Agropalma orgulha-se de ser a única empresa no setor de palma no mundo a possuir as certificações ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, que atestam a qualidade de seus produtos e processos e a gestão dos sistemas de proteção ao meio ambiente, saúde e segurança ocupacional. A conquista destes certificados, em 2002, representa para a empresa o reconhecimento da implementação de um Sistema Integrado de Gestão, fruto de um intenso trabalho de mobilização dos funcionários e da aplicação de programas de treinamento e capacitação. Um fator considerado favorável pela empresa nesse processo de engajamento é o fato do seu corpo gerencial, com idade entre 29 e 42 anos, possuir uma mentalidade empresarial diferenciada, aberta às questões socioambientais, como reflexo do maior acesso à educação e dos tempos em que vivemos de preocupação com o futuro do planeta.
Na esteira desse processo, a Agropalma conquistou também importantes certificações para sua linha de produtos orgânicos, o que permitiu o acesso da empresa a mercados internacionais, como Suíça (Bio Suisse), Japão (Japan Agricultural Standard – JAS) e Estados Unidos (National Organic Program of the United States – NOP/USDA). Além dos certificados para a agricultura orgânica propriamente dita, destaca-se a obtenção, em 2008, do Selo EcoSocial, emitido pelo Instituto Biodinâmico (IBD), órgão reconhecido pelo International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM), instituição internacional que regulamenta a agricultura orgânica. O selo atesta que os produtos são comercializados dentro dos princípios de comércio justo, pois exige a aplicação total do prêmio (valor a mais pago pelos clientes por produtos certificados) em projetos e ações socioambientais previamente aprovados pela entidade certificadora. Em janeiro de 2009, produtos orgânicos com o selo EcoSocial já estavam sendo exportadores para os Estados Unidos. A tonelada de óleo certificado vale de 35 a 40% mais do que o óleo convencional.
Há ainda a disposição da empresa em certificar sua refinadora, em Belém, de acordo com o ISO 22000, que atesta as melhores práticas em Gestão da Segurança Alimentar, a fim de garantir a integridade e a qualidade dos alimentos. Outro teste importante para a gestão será a auditoria da RoundTable on Sustainable Palm Oil (RSPO), prevista para 2009, de acordo com os princípios e critérios socioambientais definidos pelos seus membros.
– Pesquisa & Desenvolvimento e Inovação
O Grupo Agropalma atribui ao Departamento de Controle de Qualidade e Pesquisa e Desenvolvimento, a responsabilidade pelo controle analítico de produtos em desenvolvimento e produtos acabados, bem como o desenvolvimento de novas formulações e tecnologias, além do controle de embalagens, ingredientes e matérias-primas. O Departamento Comercial, em conjunto com o Departamento de Controle de Qualidade e Pesquisa & Desenvolvimento, trabalha com profissionais especializados, responsáveis pelo gerenciamento de informações técnicas e desenvolvimento de produtos específicos de acordo com a exigência do cliente, dispondo de plantas-piloto, laboratório de análises físico-químicas e de análises sensoriais e microbiológicas. (AGROPALMA, 2009).
Apesar desta infraestrutura científica, a empresa avalia como baixo seu montante de investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e considera que inovar neste mercado é muito difícil, dados seus baixos volumes. Ainda assim, acredita em parcerias com universidades e laboratórios para encontrar o que se pode fazer de melhor e de novo com o óleo de palma.
Se, por um lado, o potencial de inovação em novos produtos é baixo, a Agropalma antevê a necessidade de inovação no processo produtivo e, para isso, criou uma nova gerência com essa finalidade. As melhorias estendem-se do melhoramento genético das sementes e produção de mudas-clone à mecanização da produção. O aumento da produtividade (óleo/ha) traria reduções no custo unitário de produção. No entanto, é importante ter em mente que a mudança no processo produtivo, se não for bem conduzido, provocará impactos sociais, pois hoje a maior parte deste processo é realizada manualmente, gerando grande quantidade de empregos diretos por unidade de área.
– Gestão Ambiental
O processo produtivo do Grupo Agropalma caracteriza-se por um grande aproveitamento de resíduos e baixo consumo de insumos externos, como fertilizantes, defensivos agrícolas e combustíveis. O plantio é realizado em áreas já degradadas pelo desmatamento, queimadas e pastagens. Os solos são minerais e os fertilizantes, quando utilizados, priorizam o potássio ao nitrogênio. Soma-se a isso a alta produtividade e a perenidade da cultura da palma, o que lhe imprime as características de um sistema agrícola sustentável (BRITO, 2006). Apesar da monocultura, já foram identificadas mais de 150 espécies de plantas que nascem na cultura de palma. A geração da energia que abastece as atividades da empresa é feita a partir do reaproveitamento das fibras vegetais que, associada ao monitoramento das emissões da frota de veículos e das usinas, contribui para a diminuição no consumo de combustíveis fósseis.
Por este motivo, o tema das mudanças climáticas não é alvo de preocupação para a Agropalma. A empresa estima que o resultado de suas iniciativas já supera em muito as suas emissões remanescentes de gases de efeito estufa (GEE). Esses dados poderão ser confrontados, em breve, no inventário de emissões que a empresa está fazendo em parceria com a Petrobras.
FIGURA 3
Ações de Gestão Ambiental Mantidas pela Agropalma
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Monitoramento periódico e tratamento dos efluentes líquidos gerados em todas as atividades das indústrias de extração de óleo bruto e da refinaria;
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Monitoramento periódico da quantidade e qualidade das águas superficiais (rios e igarapés) e subterrâneas (poços de água para consumo humano, industrial e lençóis freáticos) de abrangência do Grupo Agropalma;
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Utilização de 100% do efluente industrial na adubação orgânica de palma e diagnóstico ambiental da qualidade do solo e de água subterrâneas das áreas de aplicação do efluente orgânico;
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Controle biológico e mecânico das pragas do dendezeiro, evitando a utilização de defensivos químicos;
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Monitoramento dos gases de escapamentos dos veículos movidos a diesel;
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Monitoramento da qualidade do ar das áreas industriais e agrovilas;
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Monitoramento de emissões de gases de chaminés das usinas de extração, refinaria e produção de biodiesel;
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Construção de aterro controlado para resíduos não perigosos e domiciliares do Grupo Agropalma e das vilas de entorno;
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Reciclagem de mais de 60% dos resíduos sólidos gerados em todas as atividades;
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Reaproveitamento de fibras vegetais e cascas de nozes na geração de energia, contribuindo na redução de consumo de combustível fóssil;
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Aproveitamento de 100% das cinzas de caldeira, cachos vazios, torta de palmiste e borra de dendê na adubação orgânica;
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Vigilância fronteiriça das reservas florestais;
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Reflorestamento de mais de 12,5 mil hectares de áreas degradadas;
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Preservação de todas as matas ciliares que protegem os cursos d’água;
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Planos de emergências ambientais estendidos a todas as áreas, incluindo treinamentos e simulados periódicos.
Fonte: Agropalma
O controle de emissões da Agropalma também pode ser verificado no seu Programa de Proteção das Reservas Florestais. Trata-se de uma iniciativa de vigilância de todas as áreas de reserva natural mantidas pela empresa, cerca de 64 mil hectares, coibindo a caça de espécies nativas e a derrubada de árvores, principalmente para carvoarias. Segundo estimativas da Agropalma, essas reservas contam com o triplo do número de fiscais verificado nos parques nacionais mais protegidos, como é o caso do Parque Nacional do Iguaçu.
Atrelada à iniciativa de fiscalização das reservas, a Agropalma deu início, em 2004, ao Programa de Levantamento e Monitoramento da fauna em suas reservas florestais, em parceria com a ONG Conservação Internacional. O trabalho resultou na identificação de mais de 480 espécies, mamíferos, anfíbios e répteis, algumas delas raras ou ameaçadas de extinção. Proteger a biodiversidade neste local torna-se ainda mais relevante quando se analisa o contexto amazônico. A região de atuação da Agropalma, no nordeste do Pará, próxima ao Maranhão, localiza-se no chamado Arco do Desmatamento, onde apenas 23% da floresta permanecem em pé, justificando assim o fato de ser dali o grande número de espécies em extinção presentes na Lista Vermelha do Pará, de acordo com pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Conservação Internacional (Terra da Gente). O município de Tailândia (PA) passou a figurar em 2009 também na lista das 16 cidades do Pará que são alvo da Operação Arco Verde, um plano de ação do governo federal que pretende prevenir e controlar o desmatamento na região amazônica.
Ainda dentre as atividades da gestão ambiental da Agropalma, destaca-se o desenvolvimento e a produção do “palmdiesel”, um combustível feito a partir dos ácidos graxos gerados no processo de refino do óleo de palma. A pesquisa para chegar à reação química deste biodiesel foi possível graças a uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Já a produção em escala industrial é resultado de uma parceria com a Dedine S/A Indústrias de Base. A usina de “palmdiesel” da Agropalma foi instalada em 2005, em Belém, próxima à refinaria, com capacidade de 10 mil toneladas por ano.
De fato, a proposta inicial da Agropalma era substituir totalmente o diesel convencional utilizado em seus tratores, veículos e demais equipamentos pelo diesel de palma. No entanto, estes equipamentos não teriam garantia de fábrica assegurada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), pois seus motores não estão adaptados para receber um combustível com percentual maior que 3% de biodiesel, conforme a regulamentação vigente. Deste modo, a Agropalma optou por comercializar o “palmdiesel” por meio dos leilões promovidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A empresa acredita que desta maneira também está contribuindo para a diminuição no consumo de combustíveis fósseis.
Outro ponto a salientar ainda em relação ao “palmdiesel” foi a tentativa da Agropalma de ingressar no mercado de créditos de carbono por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O projeto consistia na utilização de uma caldeira para queima da biomassa formada por fibras e outros resíduos resultantes do processo produtivo. Mas a instabilidade das regras e as incertezas quanto ao futuro do mercado de carbono obrigaram a empresa a desistir de comercializar seus créditos. Apesar dos percalços, o projeto de biomassa foi implementado mesmo assim.
– Gestão Social
Para a Agropalma, integrar e capacitar as comunidades locais para interagir com os negócios da empresa contribui para a diminuição dos distúrbios sociais e ambientais na região onde ela está inserida. A tarefa não é fácil, e está intimamente ligada à necessidade de educação, informação e integração econômica de pessoas que nasceram e cresceram acostumadas a derrubar a floresta para sobreviver. Para piorar o cenário, o poder público está ausente na região, que carece de infraestrutura de saneamento básico, fontes de renda, educação, segurança e saúde.
A área geográfica de atuação da Agropalma é conhecida como o Centro de Endemismo de Belém, que registra a mais antiga ocupação humana da Amazônia brasileira. No século XVII, os portugueses, interessados em defender a região das invasões de ingleses, franceses e holandeses, fundaram, em 1616, o forte que daria origem à cidade de Belém e iniciam seu povoamento. Os colonos passaram a plantar cana-de-açúcar, algodão e tabaco e organizar expedições rumo ao interior. Produtos da floresta, como canela, madeira e cacau, eram ofertados na Europa pelo Marquês de Pombal. Após um período de decadência no século XIX, Belém moderniza-se entre 1890 e 1911 graças ao impulso econômico do ciclo da borracha, recebendo milhares de migrantes nordestinos. No entanto, a partir de 1912, sofre novo período de recuo, devido à concorrência com os fornecedores asiáticos. A região volta-se novamente ao extrativismo, à agricultura de subsistência e à pecuária. A partir de 1964, vive o boom da mineração e de grandes projetos madeireiros e agropecuários (ÉPOCA NEGÓCIOS, 2009).
Com todas essas idas e vindas, a região encontra-se hoje nos mais diversos estágios de degradação ambiental. Ao mesmo tempo, a retirada predatória de madeira abre espaço para a agropecuária feita de forma insustentável, produzindo um rastro de municípios falidos e perpetuando a pobreza na região. (PÁGINA 22, 2007).
– Programa de Agricultura Familiar do Dendê
A primeira atitude da Agropalma para o enfrentamento desta realidade foi o desenvolvimento do bem-sucedido Programa de Agricultura Familiar do Dendê, que integrou 185 famílias de pequenos produtores rurais do município paraense de Moju à cadeia de fornecimento da Agropalma.
Tudo começou em 2002, resultado de uma parceria com a prefeitura, o governo do Estado do Pará e o Banco da Amazônia (BASA). As famílias selecionadas pela prefeitura receberam um lote de dez hectares, com direitos de propriedade regularizados, doados pelo Instituto de Terras do Pará (Iterpa). As máquinas e equipamentos agrícolas, mudas de plantas e as técnicas para o cultivo da palma foram propiciados pela Agropalma, que também se comprometeu a comprar toda a produção dos pequenos agricultores, a preço de mercado, com contratos de 25 anos. Como as palmeiras levariam cerca de três anos para começar a produzir, o Banco da Amazônia canalizou recursos do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e concedeu um empréstimo mensal equivalente a um salário mínimo, com juros abaixo do mercado, para a manutenção da família no período e a aquisição de insumos para a lavoura.
Antes de tornarem-se fornecedores da Agropalma, estas famílias sobreviviam com cerca de R$ 60,00 mensais obtidos com a venda de farinha, frutas e carvão, exercendo pressão sobre o meio ambiente. Hoje, a estimativa é de que cada família gere uma renda média mensal contínua que varia de R$ 750 mensais (no início da produção) a R$ 1,7 mil mensais (quando a palmeira atinge seu auge), a partir de um cultivo perene, realizado em áreas degradadas, e com preservação de quatro hectares de floresta para cada hectare cultivado com palma.
Para a Agropalma, além dos benefícios diretos de redução de despesas com investimentos e imobilização de capital, aumento da produção e garantia de compra de matéria-prima com qualidade, o projeto demonstra que é possível incorporar a agricultura familiar em cultivos antes apenas possíveis em plantios intensivos. O grande desafio é transpor gradualmente os padrões culturais dos pequenos agricultores, através de informação e diálogo constantes, pois estão acostumados ao extrativismo e à cultura de subsistência e que agora devem adotar técnicas de plantio mais sofisticadas. Outra barreira a ser vencida é a falta de comprometimento da esfera pública que, no caso do Programa do Dendê, esbarrou no desrespeito às contrapartidas nos investimentos em infraestrutura na região e às restrições impostas à regularização da propriedade das terras nos assentamentos. Para evitar a descontinuidade do projeto e comprometer os resultados, a Agropalma arcou com uma parcela do investimento que seria de responsabilidade de outros parceiros (FISCHER, BOSE, BORBA, 2006).
– Sustentabilidade das comunidades locais
Criar novos caminhos para o relacionamento entre o homem e o meio ambiente em um contexto de alta biodiversidade sob pressão humana não é tarefa das mais fáceis. Por isso, a Agropalma buscou, em 2007, parceiros estratégicos e experientes para aprimorar sua atuação socioambiental e “a construção de um cenário mais justo e sustentável das empresas do Grupo”. Com um investimento de R$ 400 mil, a empresa aliou-se às organizações não governamentais (ONGs) Conservação Internacional e Instituto Peabiru, cujo programa de trabalho consiste no diagnóstico social e ambiental e na implementação de projetos de sustentabilidade em 22 comunidades localizadas no entorno da empresa nos municípios paraenses de Acará, Tailândia, Moju e Tomé-Açu, com potencial de beneficiar quatro mil pessoas. Cada comunidade terá projetos específicos de acordo com a realidade local. Em dez dessas comunidades, o trabalho será aprofundado, como é o caso de Vila dos Palmares, Arauaí e Soledade. A Vila dos Palmares, em Tailândia, apresenta um dos piores índices de desenvolvimento humano da região:
“Às margens de uma rodovia esburacada no interior do Pará, a 220 km de Belém, um vilarejo de 5 mil habitantes é o cenário perfeito para um daqueles filmes nacionais que exploram a temática da miséria. A Vila dos Palmares, como é chamado, ganhou o aspecto de uma autêntica favela plantada no meio da Amazônia. Nos cortiços, em vez de banheiros, há fossas no chão. O esgoto passeia a céu aberto por ruas sem asfalto. Na estrada ao lado, a PA-150, caminhões sem condição mínima de segurança circulam com carregamento ilegal de madeira surrupiada da floresta (…) Os problemas sociais espalham-se (…) Recorrente em grande parte dos municípios do Norte do País, a prostituição infantil é um flagelo também em Vila dos Palmares, que funciona como ponto de descanso de viajantes e caminhoneiros que transportam madeira ilegal. O povoado conta com 85 bares – e só quatro escolas”. (ÉPOCA NEGÓCIOS, 2009)
As metas iniciais são fortalecer a cidadania dos moradores dessas comunidades por meio da implementação da Agenda 21 Local ((A Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de um determinado território que envolve a implantação, ali, de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médio e longo prazos. No Fórum são também definidos os meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações. (MMA, 2009))) e da reivindicação, junto ao poder público, de infraestrutura mínima que sirva de base para os planos de desenvolvimento local. No futuro, o objetivo da Agropalma é divulgar as práticas sustentáveis adotadas como forma de replicá-las para outras regiões da Amazônia.
5. Análises
Nas estratégias e práticas da Agropalma, foi observada pontos de convergência com a literatura pesquisada. A figura abaixo ilustra os principais pontos da literatura mencionados neste artigo:
Figura 4
Principais conceitos abordados na revisão da literatura
Fonte: elaboração própria
Para cada um dos pontos da literatura numerados acima e segundo o contexto estratégico da organização, foram identificadas as principais práticas observadas na Agropalma, conforme ilustra a figura abaixo:
Figura 5
Diálogo entre práticas observadas na Agropalma e bibliografia
Literatura |
Práticas observadas |
1. Análise dos objetivos da organização integrando os interesses dos stakeholders 2. Análise das restrições às operações da empresa e desenvolvimento de estratégias de resposta 3. Análise estratégica do campo de poder dos diferentes grupos de stakeholders 6. Geração de benefícios mútuos (empresa + stakeholders) |
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4. Busca de benefícios econômicos, sociais e ambientais |
Práticas ambientais
Práticas econômicas
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5. Prestação de contas aos stakeholders |
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7. Realizar inventário de emissões 8. Avaliar os riscos quanto ao grau de exposição ao carbono 9. Desenvolver estratégias adaptativas |
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10. Estar à frente dos concorrentes 11. Influenciar o processo de desenvolvimento de políticas públicas |
Não identificadas na pesquisa |
Para as estratégias relacionadas às mudanças climáticas de estar à frente dos concorrentes e de influenciar o processo de desenvolvimento de políticas públicas, não foram observadas práticas correspondentes na Agropalma.
6. Conclusões
Apesar de preferir não tratar a questão das mudanças climáticas como uma preocupação, o Grupo Agropalma mantém uma relação positiva entre sua atividade empresarial e as demandas globais por redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). A gestão socioambiental é tida como central para a competitividade e longevidade dos negócios, e encontra eco no mercado consumidor internacional, que se mobiliza cada vez mais para adquirir produtos sustentáveis. Esta relativa “tranquilidade” em relação às causas do aquecimento global justifica-se pela convicção da empresa de que a soma de suas iniciativas geram um saldo positivo no inventário de emissões da empresa.
Este posicionamento é especialmente importante quando se considera que a atuação da empresa dá-se na região amazônica, cujos desmatamentos e queimadas respondem por grande parte das emissões de GGE do inventário brasileiro. Do cultivo de uma cultura tida como exótica para a região, com incentivos diretos do governo da época para a derrubada da floresta, a Agropalma foi capaz de rever sua estratégia para alcançar o triple bottom-line.
Do ponto de vista ambiental, a utilização de solos já degradados aponta para um caminho econômico e ambiental para a floresta. Já haveria áreas degradadas ou em degradação suficientes para comportar alternativas econômicas como a agricultura, a pecuária intensiva e o cultivo de madeira de reflorestamento. Nesse sentido, o Ministério da Agricultura pretende ocupar ao menos 1 milhão de hectares de zonas degradadas com o plantio do dendê, para abastecer o mercado alimentício e a crescente demanda por biodiesel (O LIBERAL, 2009). Castanha-do-pará e açaí são também exemplos de culturas perenes que poderiam ser produzidas nestas áreas.
Estes projetos, no entanto, esbarram na necessidade proeminente de regularização fundiária e da implementação de um zoneamento ecológico-econômico da Amazônia, definindo-se quais atividades podem e devem ser desenvolvidas em cada porção da floresta. Afinal, é preciso sempre lembrar que não existe uma só Amazônia e uma só solução para ela. Existem, simultaneamente, a floresta degradada, a floresta sob pressão e a floresta intacta rica em biodiversidade.
É fundamental a integração plena das questões sociais às soluções para a floresta. O sistema econômico e legal vigente incentiva o desmatamento, pois não há valor em manter a “floresta em pé”. A população da região, que responde por 12% dos habitantes do País, não vê alternativa de sobrevivência a não ser derrubar árvores para madeireiras e carvoarias, queimar o que restou para formar pastagens ou um cultivo de subsistência, ou ainda caçar e coletar aleatoriamente espécies da biodiversidade.
Para empresas como a Agropalma, que mantém mais de 60 mil hectares de áreas protegidas, manter a floresta é um ônus e uma vitória diária. Novos mecanismos internacionais que remunerem os serviços ambientais de proteção da floresta são esperados e bem-vindos como uma alternativa econômica para as comunidades locais. Ao mesmo tempo, o sucesso do programa de agricultura familiar liderado pela empresa demonstra que é possível inserir o pequeno produtor rural em uma atividade econômica sustentável.
Ainda assim, a empresa é rodeada por comunidades com baixos índices de desenvolvimento humano (IDH). Para atuar nesse cenário de miséria, a empresa tomou a iniciativa de diagnosticar os problemas locais para propor soluções de curto, médio e longo prazos junto a outros atores da sociedade civil.
Assim, o papel do Estado também emerge como fundamental nesta análise. Se, por um lado, o desenvolvimento econômico do passado deu-se graças aos incentivos para derrubada da floresta, de agora em diante eles devem mover-se no sentido do desenvolvimento sustentável da região. Trata-se não somente da melhoria da infraestrutura e logística, como também investimentos em educação, saúde e saneamento básico para o fortalecimento da cidadania das comunidades que vivem na região. Políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo e benefícios fiscais que valorizem os produtos da floresta também fazem parte da solução. Além disso, o orçamento de ciência e tecnologia de apenas 3% do montante nacional não condiz com as potencialidades a serem exploradas na Amazônia.
Por fim, é importante frisar o poder do consumidor na definição das estratégias das empresas. Se o reposicionamento da Agropalma foi motivado pela manutenção de seu mercado e a conquista de novos segmentos, o mesmo pode e deve acontecer com relação às demais empresas que atuam na Amazônia ou mesmo fora dela. Os movimentos pelo consumo consciente e o imperativo de uma nova economia “verde”, baseada em baixas emissões de GEE, estão aí para impor novos desafios ao mundo empresarial.
Portanto, o caso do Agropalma ilustra a importância da gestão para a sustentabilidade como estratégia para legitimação da “licença para operar”. Este aspecto torna-se ainda mais relevante para o caso de uma empresa com operações altamente dependentes de recursos ambientais e inseridas em contextos sociais de fragilidade. Porém, o desenvolvimento sustentável transcende a gestão empresarial e sua efetiva concretização depende fortemente da convergência das estratégias e práticas organizacionais, com uma sociedade mundial sensível e atuante para a causa e um poder público voltado para a formulação de políticas públicas que fomentem a sustentabilidade e assegurem o cumprimento da lei.
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